Segundo a Wikipédia, a expressão língua materna vem do tempo em que as mães eram as únicas a educar seus filhos na primeira infância, fazendo com que seu idioma fosse dominante e responsável pelo condicionamento do aparelho fonador da criança àquele sistema linguístico. Lengua Materna também é o nome do novo filme da diretora argentina Liliana Paolinelli (Por sus Proprios Ojos), sobre uma mãe que descobre que a filha é lésbica.
Não é um drama de armário, mas uma aventura de autoconhecimento e percepção do outro, segundo a atriz Virgina Inocenti, que interpreta Ruth, a filha lésbica, em depoimento à televisão pública da Argentina. "Inicialmente, a atitude da mãe de Ruth é se aproximar e entender a vida de sua filha, acompanhá-la, aceitá-la, mas a filha percebe isso como algo invasivo e fica muito incomodada. O filme é justamente esse processo pelo qual mãe e filha se descobrem diferentes do que se imaginavam e, de alguma maneira, terminam por se aceitarem."
Para a crítica do jornal El Clarín, "ainda que o poster promocional insinue outra coisa, Lengua Materna não é só um filme sobre 'minha-filha-é-lésbica-e-agora-o-que-eu-faço'. Com humor, tensão e elementos dramáticos, a diretora nos aproxima de um circuito que está deixando de ser invisível".
O outro filme de Liliana Paolinelli, Por sus proprios ojos, foi escolhido o melhor filme pelo júri popular do Festival de Gramado de 1989. Embora ficcional, a trajetória da jovem documentarista que acompanha mães e esposas de presidiários reflete muito da experiência da própria diretora, que registrou em documetário esse universo.
Para ver o trailer de Lengua Materna
Reportagem da TV Argentina
Blog do filme
26 de outubro de 2010
25 de outubro de 2010
Devagar com o andor
Ativistas e defensores dos direitos reprodutivos das mulheres fizeram um manifesto para repudiar o tratamento dado à questão do aborto na eleição presidencial de 2010, definir marcos conceituais para o debate e alertar para os riscos de retrocesso no processo de democratização. Está na rede para quem quiser assinar.
Manifesto para resgatar a dignidade do debate sobre o aborto
Manifesto para resgatar a dignidade do debate sobre o aborto
Cortesias, corte [^]*
Cor.te.si:a
. Qualidade de quem ou do que é cortês; amabilidade, gentileza . Atitude ou gesto delicado, cortês . Gesto que representa uma saudação educada e respeitosa a alguém, mesura, vênia . Oferta especial, brinde (a cortesia da casa...) . Cumprimento que os toureiros, bandarilheiros e outros participantes de um tourada fazem ao público
Corte2 (cor.te) [ô]
. O palácio, a residência do soberano; paço
. A gente da nobreza, que segue o soberano ou lhe frequenta o paço
. Conjunto dos que compõem o governo de uma monarquia . Galanteio, atenção amorosa . Tribunal de justiça: corte de apelação. . Grupo de bajuladores
(Cor.te.sã)
. Dama da corte, favorita do soberano . Mulher devassa e endinheirada . Prostituta que trabalha com clientes da alta sociedade * A que esquisitices nos obriga a ortografia. - Quadro A Cortesã (segundo Eisen), do acervo do Museu Van Gogh. |
O que será que será numa estrada de Minas
Leg:
Na estrada para Lambari, no sul de Minas Gerais, uma vez perguntei a meu pai o que queria dizer a canção O que será, que será, de Chico Buarque. O que é que andavam "combinando no breu das tocas"?
Estava em meados da década de 70 e para o meu pai todos os caminhos só levavam a dois lugares: à repressão ou à liberdade. Então ele foi rápido: _O que será? Será a liberdade, claro.
Eu era adolescente, e também só via dois caminhos em todos os sinais do mundo: o da repressão e o da liberdade. Sonhava sair de casa e carregar bandeiras. Fiquei muito satisfeita com a resposta e passei uns 20 anos ou mais diletando politicamente, descobrindo as zonas cinzentas, mas inspirada pela música e por todos os seus versos.
Já por volta dos 40, recebo uma ligação do meu pai, aflito, com uma novidade impressionante.
_ Aquela música, lembra? Eu errei, não era isso. Ou melhor, é isso, mas não é isso.
_ O quê, pai? Não entendi nada.
_ O que será, que será não trata da liberdade democrática, dos direitos políticos, do Congresso funcionando, da imprensa livre, do direito de greve, da reforma agrária. Na verdade, é sobre o desejo.
Ouvi de novo a música, de queixo caído com a clareza do novo sentido da letra. E com o tempo que a gente levou para enxergar essa pulsão óbvia e cristalina. Significado evidente na versão batizada de à flor da pele, muito mais sensual e até então bem menos popular. É incrível que tenha demorado tanto a me encantar com esse desdobramento das versões e dos seus significados. A música O que será, que será é de 1976, para o filme Dona Flor e Seus Dois Maridos (Bruno Barreto), e teve três versões: a abertura; à flor da pele; e à flor da terra.
Hoje, a música se tornou ainda maior: tem o tesão, o desejo, tem a política, o inexplicável, tem o caos, tem a beleza, tudo o que a gente quer e merece, o prazer e suas verdades que não se deixam enquadrar. A gente é que não estava -- e acho que não estará nunca o bastante -- pronto para ela.
(Está aí o tratamento canhestro dado à pauta do tesão, do desejo e das demandas do corpo nessa campanha eleitoral. Como se pudessem correr por fora da vida...)
À flor da terra, à flor da pele, a música era e será, afinal, sobre a liberdade.
No site oficial de Chico Buarque estão as letras das canções, que merecem ser lidas e relidas sempre; e algumas notas sobre sua produção. Por exemplo, declaração do autor, publicada no livro 85 anos de Música Brasileira V. 2 (Ed.34): em 1992, "ao tomar conhecimento do conteúdo de sua ficha no Dops-DPPS, em que há uma análise de 'O Que Será', Chico Buarque declarou ao Jornal do Brasil: 'acho que eu mesmo não sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento explicar...'"
A nota, aqui: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=notas/n_zuza_flordate.htm
As letras:
O que será, que será (à flor da terra)
O que será, que será (à flor da pele)
O que será, que será (abertura)
Na estrada para Lambari, no sul de Minas Gerais, uma vez perguntei a meu pai o que queria dizer a canção O que será, que será, de Chico Buarque. O que é que andavam "combinando no breu das tocas"?
Estava em meados da década de 70 e para o meu pai todos os caminhos só levavam a dois lugares: à repressão ou à liberdade. Então ele foi rápido: _O que será? Será a liberdade, claro.
Eu era adolescente, e também só via dois caminhos em todos os sinais do mundo: o da repressão e o da liberdade. Sonhava sair de casa e carregar bandeiras. Fiquei muito satisfeita com a resposta e passei uns 20 anos ou mais diletando politicamente, descobrindo as zonas cinzentas, mas inspirada pela música e por todos os seus versos.
Já por volta dos 40, recebo uma ligação do meu pai, aflito, com uma novidade impressionante.
_ Aquela música, lembra? Eu errei, não era isso. Ou melhor, é isso, mas não é isso.
_ O quê, pai? Não entendi nada.
_ O que será, que será não trata da liberdade democrática, dos direitos políticos, do Congresso funcionando, da imprensa livre, do direito de greve, da reforma agrária. Na verdade, é sobre o desejo.
Ouvi de novo a música, de queixo caído com a clareza do novo sentido da letra. E com o tempo que a gente levou para enxergar essa pulsão óbvia e cristalina. Significado evidente na versão batizada de à flor da pele, muito mais sensual e até então bem menos popular. É incrível que tenha demorado tanto a me encantar com esse desdobramento das versões e dos seus significados. A música O que será, que será é de 1976, para o filme Dona Flor e Seus Dois Maridos (Bruno Barreto), e teve três versões: a abertura; à flor da pele; e à flor da terra.
Hoje, a música se tornou ainda maior: tem o tesão, o desejo, tem a política, o inexplicável, tem o caos, tem a beleza, tudo o que a gente quer e merece, o prazer e suas verdades que não se deixam enquadrar. A gente é que não estava -- e acho que não estará nunca o bastante -- pronto para ela.
(Está aí o tratamento canhestro dado à pauta do tesão, do desejo e das demandas do corpo nessa campanha eleitoral. Como se pudessem correr por fora da vida...)
À flor da terra, à flor da pele, a música era e será, afinal, sobre a liberdade.
No site oficial de Chico Buarque estão as letras das canções, que merecem ser lidas e relidas sempre; e algumas notas sobre sua produção. Por exemplo, declaração do autor, publicada no livro 85 anos de Música Brasileira V. 2 (Ed.34): em 1992, "ao tomar conhecimento do conteúdo de sua ficha no Dops-DPPS, em que há uma análise de 'O Que Será', Chico Buarque declarou ao Jornal do Brasil: 'acho que eu mesmo não sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento explicar...'"
A nota, aqui: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=notas/n_zuza_flordate.htm
As letras:
O que será, que será (à flor da terra)
O que será, que será (à flor da pele)
O que será, que será (abertura)
23 de outubro de 2010
O que é Comprazer
Comprazer é uma revista em forma de blog, de periodicidade errática, sobre cultura, beleza e prazer.
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